Numa cozinha, ao assar uma torrada, derreter uma calda para um pudim ou grelhar um bife, preferimos quando os alimentos ficam mais corados, com aquela tonalidade dourada ou marrom a depender do alimento, e mais crocantes. Com esse aspecto, as comidas aparentam ter sabor, odor e textura mais agradáveis para nós, aguçando nosso apetite.
Sim, esta mudança de aspecto está ligada com os diferentes sabores, odores e texturas que elas obtêm. Isso se deve às chamadas reações de escurecimento não-enzimáticas (reações ENE).
Diferente de quando deixamos uma maçã ou uma banana cortadas expostas ao ar e elas ficam escuras (reações de escurecimento enzimáticas), que dependem das enzimas, oxigênio e compostos encontrados nos vegetais, as reações ENE acontecem com os açúcares e as proteínas, e se dividem em dois tipos: a caramelização e a reação de Maillard.
Caramelização é a quebra dos carboidratos em seus constituintes, por meio de pirólise (quebra por aquecimento), como uma corrente desfeita em seus elos. Ela ocorre quando os carboidratos dos alimentos são expostos a temperaturas de aproximadamente 170°C e dá origem a substâncias viscosas, como nas caldas de doces ou frutas cozidas, já que não há quantidade suficiente de proteínas.
Já a reação de Maillard acontece entre determinadas proteínas e açúcares redutores, como a glicose e a frutose, presentes nos alimentos. Ela também acontece por aquecimento, mas em temperaturas mais baixas que a caramelização, perto de 140°C, e dá origem à crosta dos pães e carnes, ao “marronzinho” dos ovos fritos ou queijo derretido e ao crocante das batatas fritas.
Os pigmentos obtidos por cada processo são diferentes e eles estão relacionados com o sabor final das preparações: na caramelização os pigmentos são caramelanos, caramelenos e caramelinas e se relacionam com os sabores doces; já na reação de Maillard, são as melanoidinas, associadas ao umami (tipos de sabor que funciona como realce) e a demais sabores complexos.
Assessor de Marketing 2025