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Química e mudanças climáticas: a ciência das emissões e sequências de carbono.
As mudanças climáticas são, sem dúvidas, um dos maiores desafios da nossa sociedade atual e, apesar de sempre usarmos o urso-polar como símbolo dessas mudanças, as alterações no clima estão longe de atingir apenas esses animais. Mas a verdade é que os impactos vão muito além do Ártico — e já afetam a nossa saúde, a produção de alimentos, a economia e o equilíbrio dos ecossistemas. As transformações do clima e o consequente aumento na temperatura média global, tem feito com que precisássemos cenários que mostram não mais as mudanças climáticas, mas a emergência climática, exigindo que ações urgentes sejam adotadas pelos países, entre elas a diminuição na emissão de gases de efeito estufa, para evitar consequências irreversíveis.
Como chegamos a essas condições?
O aumento da concentração de carbono na atmosfera começou com o início da revolução industrial, por causa do grande uso de combustíveis fósseis, como o petróleo e o carvão mineral, durante esse período e nos anos posteriores. Entretanto, não são somente indústrias que usam ou queimam esses compostos que causaram essa situação.
As indústrias agropecuárias também tem uma parcela significativa da culpa, já que a pecuária é uma das principais fontes de metano e óxido nitroso e a agricultura faz uso de fertilizantes sintéticos que também emitem esses tipos de gases, além de desmatar grandes áreas verdes para acomodar grandes rebanhos bovinos e realizar o cultivo, majoritariamente, de cereais.
Além disso, também podemos destacar outros fatores importantes, como a produção exacerbada de bens materiais, sendo carros, roupas ou eletrônicos, que faz uso de uma quantidade exacerbada de energia; o desmatamento, que libera CO₂ ao queimar ou decompor árvores; a agricultura e a pecuária, no qual vários de seus processos geram incontáveis moléculas de CO₂, e a extrema fabricação de plásticos e polímeros, com extensas cadeias de carbono.
Essas atividades, somadas, aumentam as emissões e sobrecarregam a capacidade da natureza de absorver o carbono que lançamos na atmosfera.
Emissões de carbono e efeito estufa
Temos que as emissões de carbono são um dos principais fatores que impulsionam as mudanças climáticas, mas primeiramente devemos saber, o que são essas emissões de carbono?
O termo se refere à liberação de gases como o dióxido de carbono (CO₂), metano (CH4) e óxido nitroso (N₂O) na atmosfera, eles também podem ser chamados de gases do efeito estufa (GEE), no qual o CO₂ é o gás responsável pelo aquecimento global, pois é ele que retém o calor na atmosfera.
Com maior concentração de CO₂ na atmosfera, os raios refletidos pelo planeta ficam parcialmente presos na atmosfera, aquecendo-o e criando a sensação de estarmos em uma enorme estufa, o que explica a origem do nome efeito estufa. Este aquecimento inesperado está tornando as condições de vida cada vez mais difíceis para os seres que vivem nela, pois, além do aumento gradual da temperatura, estão ocorrendo diversos eventos climáticos extremos, como as ondas de calor, a acidificação dos oceanos e o degelo das geleiras.
Da mesma maneira que o desmatamento, a queima de combustíveis fósseis emite muitos gases de efeito estufa, e contribui para o agravamento das mudanças climáticas. A natureza não consegue absorver o nosso estilo de vida cada vez mais atrelado à emissão de gases de efeito estufa, por isso, ocorre um aumento significativo da concentração atmosférica de CO₂ e no mundo inteiro.
A química do carbono está em tudo ao nosso redor!
Quando falamos de cadeias de carbono, estamos falando da base de muitos compostos presentes no nosso dia a dia. Essas sequências de átomos de carbono formam combustíveis, plásticos, fertilizantes, roupas e até alimentos processados.
Ao serem queimados, degradados ou descartados, esses compostos liberam CO₂ e outros gases do efeito estufa, e a estrutura química desses compostos influencia diretamente nas emissões. Veja como:
- Tamanho da cadeia carbônica: quanto mais longa a sequência de carbono, mais CO₂ será liberado durante um processo.
- Tipo de cadeia (linear, ramificada ou cíclica): as cadeias ramificadas tendem a queimar com mais eficiência do que as lineares, emitindo poluentes incompletos, já as cadeias cíclicas e aromáticas podem liberar mais subprodutos tóxicos como monóxido de carbono (CO) e fuligem.
- Presença de outros elementos (heteroátomos): átomos como oxigênio, enxofre ou nitrogênio podem gerar outros gases poluentes (NOx, SOx), como os fertilizantes nitrogenados e plásticos com cloro (como o PVC).
Como reduzir as emissões no dia a dia?
Atividades comuns como andar de carro, viajar de avião, consumir em excesso e usar muita energia são atividades do cotidiano global que liberam carbono e colaboram para essas alterações climáticas.
A construção de um futuro mais sustentável depende de ações integradas que envolvam mudanças em diversos setores da sociedade. Algumas ações que podem fazer a diferença são:
- Uso de fontes de energia renováveis: reduzem a dependência dos combustíveis fósseis ao substituí-los por alternativas limpas e inesgotáveis.
- Adotar a economia circular: reutilizar, reciclar e optar por materiais biodegradáveis prolonga o ciclo de vida dos produtos.
- Aumento da eficiência energética: redução do consumo e do desperdício de energia, otimizando processos industriais, construções e hábitos cotidianos.
- Reflorestar e proteção das florestas: capturam o carbono, preservam a biodiversidade e mantêm os ciclos hídricos.
Somente com a união dessas iniciativas será possível enfrentar os desafios da crise climática e garantir um planeta mais equilibrado e saudável para as futuras gerações
Giovana Feltre
Assessora de Projetos