Soluções Químicas Jr

                                                                           Tempo de Leitura: 6 minutos

Alegria, tristeza, raiva, ansiedade… Por trás de cada emoção que sentimos, existe uma verdadeira cadeia de reações químicas acontecendo dentro do cérebro. Embora as emoções pareçam subjetivas, elas têm base muito concreta: são causadas por substâncias chamadas neurotransmissores, que fazem os neurônios se comunicarem entre si. Isso acontece em regiões específicas do cérebro, como o sistema límbico, onde ficam áreas ligadas às nossas memórias e comportamentos emocionais. Ou seja, quando sentimos algo, na verdade estamos respondendo a sinais químicos que dizem ao nosso corpo e à nossa mente como se comportar.

Mas que substâncias são essas? Vamos conhecer algumas das mais importantes, entender como elas funcionam, com que emoções estão ligadas e até o que acontece quando elas estão em falta ou em excesso.

Serotonina: o equilíbrio do bem-estar

A serotonina é uma molécula que ajuda a manter o nosso humor mais estável. Ela também influencia o sono, o apetite e até a temperatura corporal. Pessoas com níveis muito baixos de serotonina podem ter maior tendência a desenvolver depressão, ansiedade ou compulsões. Por isso, muitos antidepressivos agem justamente aumentando a quantidade dessa substância no cérebro, diminuindo a recaptação de serotonina. Um detalhe curioso é que a maior parte da serotonina do nosso corpo está no intestino, o que ajuda a explicar por que nosso humor pode mudar quando temos problemas digestivos. Comer alimentos ricos em triptofano (como banana e aveia) pode ajudar na produção de serotonina.

Dopamina: prazer e motivação

A dopamina é a molécula que nos faz sentir motivados e recompensados. Sabe aquela sensação boa depois de alcançar um objetivo ou terminar uma tarefa difícil? Dopamina. Ela também está ligada à sensação de prazer, o que explica por que ela é tão envolvida em casos de dependência de drogas e como passamos horas rolando o feed sem cansar. Quando há dopamina de menos, a pessoa pode se sentir desanimada, sem vontade de fazer nada. Quando há dopamina demais, pode haver impulsividade ou até sintomas de transtornos como a esquizofrenia. Mas calma: o importante é manter o equilíbrio, e nosso cérebro normalmente dá conta disso quando cuidamos bem da nossa saúde física e mental.

Noradrenalina: alerta e resposta ao estresse

A noradrenalina (ou norepinefrina) entra em cena quando estamos em situações de tensão ou perigo. Ela prepara o corpo para agir: aumenta os batimentos cardíacos, melhora a atenção e nos deixa mais “ligados”. Mas quando o corpo libera noradrenalina demais por muito tempo (como em casos de estresse crônico) podemos começar a sentir ansiedade constante, dificuldade de concentração ou insônia. O contrário também é um problema: quando falta essa substância, a pessoa pode ficar apática, desmotivada ou com sintomas de depressão. Por isso, ela também é alvo de alguns medicamentos para equilibrar o humor.

Oxitocina: laços, afeto e confiança

Conhecida como o “hormônio do amor”, a oxitocina é liberada em momentos de conexão social, como um abraço, um carinho ou até durante uma boa conversa. Ela ajuda a fortalecer os laços entre as pessoas e aumenta a confiança, por isso, é tão importante em relacionamentos afetivos e familiares. A oxitocina também ajuda a reduzir o estresse, o que mostra como o contato humano pode ser terapêutico. Algumas pesquisas apontam que dificuldades na liberação dessa substância podem estar associadas a comportamentos mais fechados ou distantes, como os que ocorrem em alguns transtornos do espectro autista.

Como podemos equilibrar tudo isso no dia a dia?

Apesar de todo esse sistema parecer complexo, pequenas ações cotidianas têm grande influência sobre esses neurotransmissores. Praticar exercícios físicos regularmente é uma das formas mais eficazes de aumentar a serotonina e a dopamina, além de reduzir o excesso de noradrenalina. Dormir bem ajuda o cérebro a manter a produção dessas substâncias em ordem. Ter uma alimentação variada, com alimentos ricos em aminoácidos como triptofano e tirosina, também contribui para a fabricação de serotonina e dopamina. Já manter boas relações sociais, abraçar e conviver com pessoas queridas estimula a oxitocina. Meditação, respiração profunda e pausas ao longo do dia ajudam a “desligar” o modo alerta da noradrenalina, dando ao corpo e à mente um momento de descanso. O cérebro é um verdadeiro laboratório, e cada escolha que fazemos pode influenciar suas reações.

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Marielle Tagiariolli Bovi

Assesssora de Recursos Humanos 2025