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Quando você toma um remédio, talvez não imagine a quantidade de ciência, testes e inovação envolvidos na criação daquela pequena pílula ou líquido. Por trás de cada medicamento há um mundo fascinante de química e biotecnologia, combinado com décadas de pesquisa e desenvolvimento. Vamos explorar como os remédios são desenvolvidos, da ideia inicial ao produto final na farmácia.
Você já parou para pensar no que exatamente são os medicamentos que usamos no dia a dia? De forma simples, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA) explica que medicamentos são produtos criados em farmácias de manipulação ou por grandes indústrias farmacêuticas.
De maneira mais prática, um medicamento é resultado de um processo industrial super controlado, onde cada etapa precisa cumprir requisitos estabelecidos pelos órgãos regulatórios — no Brasil, a ANVISA. Antes de chegar às prateleiras das farmácias, esses produtos passam por uma série de testes laboratoriais e clínicos para garantir sua segurança e eficácia. Tudo isso para que você possa confiar no que está consumindo.
O desenvolvimento de medicamentos começa com a identificação de um “alvo” biológico, como uma enzima, proteína ou receptor no corpo humano. Esse alvo precisa estar relacionado à causa da doença que se deseja tratar. Por exemplo, o vírus da gripe possui proteínas que ajudam na sua replicação, e essas proteínas podem se tornar alvos para os medicamentos antivirais.
Depois de definir o alvo biológico, os pesquisadores iniciam a busca por moléculas que possam interagir com ele de maneira eficaz. Essa etapa pode começar com compostos já conhecidos na literatura científica, que são estudados e modificados para se tornarem mais adequados ao tratamento desejado. Outra abordagem é a triagem de grandes bibliotecas químicas, que contêm milhares de moléculas prontas para serem testadas.
Esse processo pode ser realizado tanto em laboratório quanto com a ajuda de computadores. Por meio da química computacional, os cientistas simulam como diferentes moléculas se ligam ao alvo biológico, o que ajuda a prever quais delas têm maior chance de funcionar.
Após identificar moléculas promissoras, elas passam por uma série de otimizações. Nesse processo, os farmacêuticos ajustam a estrutura molecular para melhorar a eficácia, reduzir os efeitos colaterais e aumentar a estabilidade do composto no corpo humano. Isso envolve uma série de testes laboratoriais. Por exemplo, os pesquisadores avaliam como o medicamento é absorvido, distribuído, metabolizado e excretado pelo organismo. Se algo não estiver funcionando bem, os pesquisadores devem voltar ao laboratório para ajustar a fórmula.
Depois de otimizada, a molécula candidata passa para os testes pré-clínicos, que verificam sua segurança e eficácia em organismos vivos. Apenas uma pequena fração dos compostos chega a essa etapa, e ainda menos passam para os testes clínicos em humanos.
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Somente após as etapas de teste clínicos e pré-clínicos, que o medicamento passa pela aprovação ou não dos órgãos regulatórios, como a ANVISA no Brasil, em caso de ser aprovado, o medicamento passa então para a etapa de produção em larga escala. Essa fase é tão crítica quanto as anteriores, pois o medicamento precisa ser fabricado com extrema precisão para garantir que cada dose tenha a mesma qualidade, segurança e eficácia dos lotes testados.
As indústrias farmacêuticas utilizam processos altamente controlados e equipamentos avançados para fabricar os medicamentos. Além disso, cada produto é submetido a diversos controles de qualidade antes de ser liberado para o mercado.
Por conta dos recentes avanços tecnológicos em inteligência artificial, biotecnologia e terapias personalizadas, o desenvolvimento de medicamentos está entrando em uma nova era. Com essas inovações, está se tornando possível criar tratamentos mais rápidos, precisos e adaptados às necessidades de cada paciente.
Por exemplo, a inteligência artificial já pode ser utilizada para analisar bilhões de dados biológicos e químicos, ajudando a identificar novos alvos e moléculas promissoras com muito mais agilidade. O que acabará por gerar uma melhora na qualidade de vida de milhões de pessoas.
Assessor de projetos